segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Morre Lígia, uma das principais atletas do Ourinhos Basquete

ligia_jogo (1)Ex-pivô conquistou vários títulos pela equipe ourinhense e estava com câncer

O basquete de Ourinhos e do Brasil ficou um pouco mais pobre. Morreu na quinta-feira, 19, vítima de câncer, Ligia Maria Moraes, de 41 anos, uma das primeiras atletas que atuou pela equipe ourinhense em seu início em 1996, sendo campeã paulista em 1997 pelo time dirigido pelo técnico Edson Ferreto, primeiro título conquistado pelo Ourinhos Basquete.

Após atuar por alguns anos pela equipe ourinhense, a pivô Lígia chegou a parar de jogar, mas foi chamada e voltou novamente a ‘sua casa’, em 2000, conquistando diversos títulos estaduais e nacionais até 2007, quando se transferiu para a equipe de Catanduva.

Além de jogar por Ourinhos e Catanduva, Ligia atuou por outras equipes importantes do cenário nacional tais como: Associação Barbarense, Minercal, BCN, Ponte Preta, Goiânia, Bauru, Vila Nova e América-RJ e defendeu a seleção brasileira em várias competições internacionais.

Após encerrar sua brilhante carreira, Lígia passou a morar em Ourinhos, onde viveu seus últimos anos de vida, sempre de maneira discreta e avessa a entrevistas.

Com certeza Lígia deixará muitas saudades a todos os amantes do basquete feminino, não apenas de Ourinhos, mas de todo o Brasil.

A morte de Lígia repercutiu nas redes sociais e recebeu notas de pesar no site da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e da LBF (Liga de Basquete Feminino).

No jogo deste sábado (21), entre Americana e América (PE), as atletas entraram em quadra com uma fita preta, como sinal de luto em homenagem a Lígia.

ligia_jogo (2)

Confira abaixo, alguns depoimentos de atletas e técnicos que conviveram com Lígia, durante sua carreira:

* Ana Flávia Sackis (ex-armadora do Ourinhos Basquete):

Joguei com a Lígia em Ourinhos. Era uma pessoa extraordinária, com um coração enorme e sempre com sorriso no rosto. Como atleta era espetacular, um verdadeiro xerife no garrafão e, além disso, conquistou muitos títulos e teve uma carreira invejável, passando por grandes equipes e pela seleção brasileira. Quando ela jogava em Ourinhos, contagiava a torcida, quando pegava um rebote e batia com as mãos na bola, o Monstrinho ia à loucura. Realmente é uma grande perda, o basquete brasileiro está mais triste com sua morte.

* Joice Rodrigues (ala de Americana e ex-jogadora do Ourinhos Basquete): Não joguei no mesmo time que a Lígia, mas a enfrentei várias vezes como atleta adversária e embora tivéssemos muita rivalidade dentro de quadra, nos dávamos muito bem fora de quadra. Ela me chamava carinhosamente de ‘minha menina’ e sempre me aconselhou sobre o que ela havia passado no basquete, e muitas vezes escutava meus desabafos sobre a profissão, sem dizer nada, deixando que eu aprendesse sozinha com minhas próprias experiências. A Lígia foi uma guerreira dentro e fora das quadras, aquele time de Ourinhos tinha a cara dela quando jogava. Defendendo a camisa 99, a torcida ia ao delírio com o jeito que ela contagiava. A Lígia, (Negão pra mim), merece ser lembrada para sempre em Ourinhos. É claro que todos erram e ela também errou, mas sempre foi transparente. Foi algo que ela sempre me disse, que aprendeu muito com a vida que ela teve no basquete, que o basquete deu e tirou muito dela. Nunca me esquecerei de nenhum momento que passei dentro e fora de quadra com ela e me lembrarei sempre da música que escutava quando ia a casa dela visitá-la, ‘When you believe’, com Mariah Carey e Whitney Houston.

* Chuca (Ala da equipe de Americana e ex-atleta do Ourinhos Basquete): Jogar com a Lígia foi maravilhoso, brincávamos que ela dominava o garrafão, passamos momentos bons em Ourinhos com muitos títulos e comemorações, enfim uma pessoa maravilhosa. O basquete feminino agradece tudo que fez! Deus esta cuidando dela, descanse em paz Lígia! Meus Sentimentos, que Deus conforte os familiares nesse momento de tristeza!

* Natalia Burian (armadora de Presidente Venceslau e ex-atleta de Catanduva e Maranhão Basquete): A Lígia era um ’monstro’ jogando e um xerifão do garrafão. Mas fora de quadra era uma mulher com um coração enorme e o que você precisasse podia contar com ela. Não é a toa que ela é uma pessoa muito querida e isso ficou muito nítido com essa quantidade enorme de pessoas que prestaram homenagem a ela.

* Wivi Lima (lateral do Maranhão Basquete e ex-atleta do Ourinhos Basquete): Eu joguei com a Lígia em Ourinhos no início dos anos 2000 e depois em Catanduva em 2007. Ela era uma pessoa maravilhosa, sempre alegre, xerife do garrafão, uma jogadora espetacular, estou arrasada com esta notícia, muito triste mesmo.

* Edson Ferreto (técnico da equipe masculina de São José do Rio Preto e ex-técnico do Ourinhos Basquete e Catanduva): A Lígia era uma atleta fora de série, dedicada ao extremo e acima da média das outras atletas. Tive a felicidade de treiná-la em várias equipes. Fomos campeões juntos no primeiro título do Ourinhos Basquete em 97 e também conquistamos outros títulos juntos, como por exemplo, com a equipe de Bauru no Sul-Americano de Clubes em Cuba. Ela esteve comigo também em outras equipes como Goiânia e Catanduva, sempre com muito destaque. Com certeza, a Lígia merece todo o reconhecimento e homenagens pelo que representou tanto para Ourinhos como para o basquete feminino brasileiro.

* Antonio Carlos Barbosa (ex-técnico do Maranhão Basquete, Ourinhos e Seleção Brasileira): Como técnico enfrentei a Lígia algumas vezes, quando dirigia a Microcamp e ela atuava pelo Data Control de Americana e também quando eu era treinador do Quaker Jundiaí e a Lígia jogava por Ourinhos. Sem dúvida ela era uma atleta diferenciada, tinha muita raça, dedicação e espírito de equipe.

* Nota Oficial da CBB (Confederação Brasileira de Basquete): A Confederação Brasileira de Basketball lamenta profundamente o falecimento da ex-jogadora Lígia Maria Moraes, de 41 anos, nesta quinta-feira (dia 19), vítima de câncer, em Ourinhos, no interior de São Paulo. A ex-pivô defendeu a Seleção Brasileira Adulta no Sul-Americano da Bolívia (1993), além das seleções juvenis no Campeonato Mundial (Coréia – 1993) e Copa América (México – 1992). Nesse momento de dor e de pesar, a CBB lamenta e se solidariza aos familiares de Lígia.

Texto: Luís Galletta – Central do Basquete Feminino

Um comentário:

Unknown disse...

Deixo aqui meus sentimentos aos familiares da Lígia.

Lígia que ao seu modo contribuiu para o Basquete, ela tinha a função do trabalho sujo dentro dos garrafões!
Sua função não tinha glamour mas que ajudou muitas equipes a ganhar campeonatos.

Descanse em paz!!!