domingo, 5 de julho de 2015

Izabela Nicoletti supera crise no basquete e é cobiçada nos EUA

Por Rio de Janeiro
Aos 5 anos, Izabela Nicoletti começou a acompanhar a irmã Mariane, então com 9, nos treinos do projeto do time de basquete de Americana. Sem poder participar das atividades por ser considerada muito nova, a pequena candidata a jogadora carregava uma bola de basquete e repetia os movimentos da quadra na arquibancada. Diante da imagem, a responsável Anne Sabatini não resistiu e abriu uma exceção. Dez anos depois, a recompensa. Aquela menina se tornou a maior promessa do país na modalidade, liderou a seleção brasileira sub-16 no vice-campeonato da Copa América, que terminou domingo passado, no México, em uma campanha coroada por uma vitória histórica sobre os Estados Unidos na semifinal.

Coincidência ou não, Anne também estava lá. Do banco de reservas, com o cargo de técnica, viu atuações incríveis de Izabela. Derrotada na final pelo Canadá, a jogadora ficou sem o prêmio de melhor da competição, mesmo com médias de 21,4 pontos, 5,4 rebotes e 3,6 assistências por jogo. Extenuada depois de ficar os 40 minutos do tempo normal e mais cinco da prorrogação em quadra, chorou com a perda, mas viu uma luz no fim do túnel para sua geração.

Mesmo entre tantos problemas pelo qual passa o basquete no país, aquela menina de Americana se recusa a desistir. Em um cenário no qual a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) tem uma dívida com a Federação Internacional (Fiba) e corre o risco de não garantir a vaga olímpica em 2016 como país-sede, clubes desistindo de competições e projetos de base encerrados, ela consegue encontrar forças para manter a esperança de mudar o esporte no país.)
- Valeu muito a experiência. Ter ganho dos Estados Unidos pode ter acrescentado muito para o Brasil, onde o basquete não vem sendo valorizado. Com essa vitória, pode crescer. Mostramos que o basquete brasileiro ainda existe. Minha sensação era de que dava para vencer. Nossa equipe se uniu, virou uma família, contou para o nosso crescimento. Nem sempre é preciso ser o melhor time, se for um time de verdade - afirmou Izabela, que vai completar 16 anos no dia 9 de agosto.

Mesmo com tão pouca idade, a necessidade de amadurecer se faz presente. No fim do ano passado, viu a sua casa ruir. Jogadora de Americana desde os 5 anos, ficou sem time para jogar após o fim dos projetos das categorias de base do clube, atual campeão adulto da Liga de Basquete Feminino (LBF). Foi para os Estados Unidos jogar pela Score Academy e, em seguida, por Carolina Waves. Transformou-se em uma obsessão. Ela já tem 18 convites de universidades americanas da primeira divisão da NCAA, principal organização de esportes universitários do país.

- É muito difícil para mim. Quando acabou o time de Americana, tive uma das piores sensações da minha vida ao não ter mais o time da minha casa, onde sempre joguei. Foi horrível. O ideal seria crescer no Brasil, perto da minha casa, da família, mas dependo do crescimento do esporte. Sempre falei que seria jogadora de basquete. Vou voltar para os Estados Unidos, mas ainda não defini para onde - comentou Izabela, que tem propostas de alguns colégios para atuar no Ensino Médio nos Estados Unidos e academias, incluindo o time de Carolina Waves.

Quem acompanhou o crescimento da menina de perto sabe o que seu talento e personalidade representam. Anne trabalhou com Izabela em Americana e nos Estados Unidos. Seguiram juntas para a seleção brasileira e seu sucesso foi imediato. Contra os Estados Unidos, que estavam invictos em 18 jogos disputados nas três edições da Copa América, explodiu com 24 pontos, sete rebotes e cinco assistências. Na final, mais 32 pontos.
- O técnico dela em Carolina Waves (Eric Hemming) disse que nunca viu uma atleta ser assediada dessa forma (por 18 universidades). Tínhamos uma equipe com oito brasileiras e havia uma curiosidade em torno delas - comentou Anne.

Izabela passou seis meses nos Estados Unidos antes da disputa da Copa América. Os primeiro quatro foram na Score Academy, comandada pelo brasileiro Rafael Franco. Ele analisou sua evolução de quando chegou aos Estados Unidos para o período de intercâmbio.

- Talento, ela sempre teve. Aqui, melhorou sua intensidade e agressividade. A dureza em quadra. É tomar pancada e continuar indo em frente. Mudou muito. Ela e as outras meninas se adaptaram ao jogo americano e adicionaram isso ao talento - disse Rafael.

Izabela tem um espírito competitivo muito forte. É o que a conduz nos treinamentos e se reflete em quadra na hora do jogo. Acredito que a Izabela pode se tornar uma das principais armadoras da primeira divisão do basquete universitário dos Estados Unidos se ela decidir por esse caminho. Já vem sendo recrutada pelos principais programas do país. Ela ainda é muito jovem, mas há vários treinadores interessados em acompanhar seu crescimento nos próximos anos - disse Eric.

Izabela parece saber o talento que tem a sua disposição. Suas armas ofensivas são variadas. Arremessa de longa distância, tem infiltração e aguenta pancada. Além disso, tem um bom número de roubadas de bola, com média de 3,4 por jogo na Copa América, e apresenta grande intensidade defensiva. Listada com 1,80m de altura, ainda pode crescer e se tornar mais forte para alcançar o nível mais alto de jogo, chegando na WNBA, a liga americana de basquete.

- A principal diferença dos Estados Unidos para o Brasil é o fato de ser um país voltado para o esporte. No Brasil, você estuda ou joga. Lá, você tem que estudar para jogar. O país é completamente virado para o esporte, o incentivo é grande. Acho muito triste saber que chega a ter campeonato no Brasil com apenas três times. Nesse período, aprendi a me virar, falar inglês. Cresci muito como pessoa e entendi um jogo diferente, muito baseado no um contra um, sem tantas jogadas. É preciso investir para melhorar - afirmou Izabela

Fonte: Globoesporte.com
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Um comentário:

Anônimo disse...

PARABÉNS , IZABELA! VI VOCÊ JOGANDO ALGUMAS VEZES E SEMPRE GOSTEI DE SEU ESTILO. QUE OUTRAS MENINAS A VEJAM COMO UM MODELO A SEGUIR. CONTINUE ASSIM !